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Existencialismo e Arte Existencial
Doutrina filosófica e literária, pertencente aos séculos XIX e XX, o existencialismo, foi inspirado nas obras de Arthur Schopenhauer, Søren Kierkeqaard, Fiódor Dostoievski, Albert Camus e nos filósofos alemães Friedrich Nietzsche, Edmund Husserl e Martin Heidegger, e popularizado em meados do século XX pelas obras do escritor e filosofo francês Jean-Paul Sartre e de sua companheira, a escritora e filósofa Simone de Beauvoir.
A doutrina retrata a liberdade individual, o peso que esta representa, a responsabilidade, e a subjetividade do ser.
O existir é tido como a dimensão primária, e é a partir dele que se deriva todo o resto. Precede até mesmo a própria essência do indivíduo. Não há uma predefinição do ser.
No princípio tem-se apenas a existência comprovada, e antes de qualquer outra coisa, o homem é nada. Só depois será do modo como se fizer.
A essência é construída e transformada à medida que se passa a adquirir novas vivências. Desse modo, os existencialistas negam a idéia de que o ser humano possua uma alma imutável, e que esta, portanto, sofre mudanças desde o primórdio da vida até o fim dela.
A liberdade é vista sob um aspecto negativo, ao ponto de se dizer que o homem é condenado a tê-la.
Frente à grande responsabilidade de sermos, como consideram os existencialistas, totalmente livres, o homem consciente de que é só no mundo, conhece a dificuldade em ter a possibilidade de viver o que quer que escolha. A liberdade tão almejada é, na verdade, um grande fardo.
Só é possível conhecê-la, verdadeiramente, quando se possui essa consciência e vive-se de fato a solidão. Ainda assim, o ser humano é, para os filósofos desta doutrina, sempre livre e sozinho em qualquer circunstância.
Totalmente livre e só, o homem é posto diante de si mesmo. O que explica a intensidade da problemática de se ter ao alcance qualquer decisão.
Algo, muito observado na contemporaneidade, é a opção por nada se fazer, ao invés de se arriscar a tomar uma atitude nunca antes idealizada, e assim evitar qualquer tipo de comprometimento futuro.
As particularidades observadas sugerem o contexto do momento em que o existencialismo surgiu, no final da Segunda Guerra Mundial. Refletem o absurdo do mundo, visto e vivenciado nas atrocidades deixadas pelo conflito.
As idéias formuladas e defendidas pela corrente existencialista retratam a essência exalada por esse período conturbado, e influenciam o campo das artes, tornando-se parte da linguagem crítica artística nos anos 50.
Anos posteriores à guerra tem-se a “ofensiva existencialista”, segundo denomina Beauvoir, que se trata de um grande repertório de livros, peças teatrais e artigos de autoria de Albert Camus, Sartre, Beauvoir e Jean Genet, recebido com entusiasmo pelas pessoas abaladas e desiludidas com a guerra.
Na série Reféns, de pinturas e esculturas, Fautrier exprime a angústia e o absurdo existencialistas, ao retratar em sua obra o sofrimento das pessoas torturadas durante o conflito. Fez-se uso de técnicas que causassem o efeito de carne mutilada.
Exposta pela primeira vez, a série causou tumulto. Não se tratava de um conjunto de obras artísticas que visava apenas atingir o campo das artes, tinha intrínseco o intuito de chocar, mostrar não só às pessoas da época, mas a todas as gerações que ainda estavam por vir, as atrocidades cometidas.
Giacometti é considerado o artista arquetípico do existencialismo. Retratava a forma humana exprimindo fragilidade. Representava-a em espaços amplos, conseguindo captar e expressar a solidão do homem, perdido em sua própria essência, em uma constante busca de se reconstruir a cada dia que passa.
"Sim, faço pinturas e esculturas e sempre as fiz desde que comecei a desenhar ou pintar, para denunciar a realidade, defender-me, tornar-me mais forte... para ter uma base de apoio, para me poder movimentar em qualquer campo e em qualquer direção, para me proteger da fome, do frio e da morte, para ser livre."
Alberto Giacometti
TRABALHO DE TEORIA E HISTÓRIA DA ARTE 2008/2